quarta-feira, 20 de maio de 2015

Chance

(SEU NOME) POV


Caindo eu estava apenas caindo sem direção, algumas imagens passavam pelos lados e flores caiam sobre mim, a medida que tudo ficava claro a minha velocidade aumentava, mas não por isso eu estava assustada, eu a ouvia gritar, berrando meu nome, gritos e mais gritos...

Despertei suando frio e ouvindo minha porta servindo de saco de pancadas para alguém, milhares de vozes falando alto, batidas altas e flashes sendo disparados, meu nome sendo gritado e alguém tentando acalmar os ânimos.

-(SEU NOME) ABRE A PORTA EUUU... AAAAH SÓ ABRE!- Aquela voz familiar soou no meu ouvido, aos gritos fazendo meu corpo arrepiar, sua voz carregada e lenta, se bem a conheço ela estava bêbada.

Meu telefone toca fazendo a tela brilhar, rapidamente o atendo para tentar entender o que estava acontecendo.

-(Seu nome)?!

-Sim sou eu, pode me explicar o que está acontecendo!

-Ela bebeu demais e não se acalmou até que eu a trouxe aqui...- Sua voz foi interrompida por alguém gritando.- Se importa de deixar eu largá-la aí dentro?

-Já estou descendo.- Avisei desligando o telefone.

Coloquei um moletom grande e desci de calcinha boxe, corri escadas a baixo com medo do que poderia encontrar, acredite, nunca imaginaria tal cena na minha vida inteira. Meu quintal lotado de paparazzi com milhões de câmeras e quase me deixando cega pelos flashes, Miley jogada nos degraus que davam entrada na porta e Demi com cara assustada e fechada por conta do showzinho que Miley estava dando. Coloquei Miley em meus braços a carregando estilo noiva e deixei-a no sofá, voltei e analisei a situação, deixar ou não Demi entrar, essa costumava ser a casa dela também já que ela praticamente vivia aqui, a mesma olhava para baixo sem saber o que fazer, puxei seu braço e a coloquei para dentro, não sem antes deixar o meu recadinho fofo para os homens ocupando minha linda grama Suíça.


DEMI POV


Assim que entrei na casa dela meu coração se acalmou, não sei explicar o motivo ou explicação lógica, apenas me senti em paz como não me sentia a meses. A porta foi fechada e antes de (Seu nome) entrar pude ouvi-la falar, com voz rouca e firme, com toda certeza ela estava muito puta.

-Vou dar dez minutos para vocês abaixarem essas bostas de câmeras e sumirem, querem dormir no meio da rua ou passar o dia aqui, fiquem a vontade, mas saiam do meu terreno e do meu gramado, se vocês não fizerem isso quando eu olhar novamente eu chamo a polícia e vocês estão realmente muito fodidos, não tentem brincar comigo. Vazem!- Disse em tom normal, como se não estivesse brigando, apenas permanecia firme e impassível.

A porta se abriu e eu a vi, a mesma olhou no olho mágico e viu que todos corriam para longe de seu gramado, soltou um sorriso irônico e sussurrou "babacas", encostou as costas na porta como se precisasse achar forças e paciência para, bom, provavelmente para mim.
Sem trocar uma palavra comigo ela caminhou até a Miley que estava rindo sozinha no sofá e disse algo como "meu amor você precisa se controlar da próxima vez, sempre sobra pra mim dar banho em você", sua voz era baixinha e calma dessa vez, depois de um sorriso da Miley, (Seu nome) a pegou e subiu escada a cima me deixando ali, como parte da mobília da casa.
Deixei minha bolsa no canto do sofá e me sentei nele vendo a imensidão novamente, lembro-me da primeira vez que vim aqui, logo depois de discutir com Justin e da nossa conversa.
 

"sentei-me no sofá observando aquela casa gigante. Tudo era maior ali dentro, escadas gigantes, sofás, estantes, televisões, tudo era tão grande mas parecia normal em comparação a altura das paredes da casa. Observei os filmes cuidadosamente colocados na estante, milhões deles todos em ordem alfabética, a decoração colorida espalhada, telefone amarelo em cima de um baú azul no cantinho da sala, me dei conta depois de observar tudo que seu celular estava na minha frente, deixado alinhado com os controles, ao lado dele estava uma camiseta e dois anéis. A camiseta tinha o cheiro de seu perfume pude sentir assim que me aproximei, seus dois anéis eram ouro puro o que os fazia pesados, peguei então o celular, assim que o liguei acabei sorrindo uma foto minha no protetor de tela, mais especificamente uma foto que nós duas havíamos tirado na praia depois que nós beijamos, assim que passei meus dedos para desbloquear o celular percebi que não havia senha, ela não usava senha em seu celular?

-Estranho né?- Ouvi a voz de Justin descendo as escadas observando-me.- Ela nunca gostou de senhas assim, afinal sempre disse que nunca esconderia nada de ninguém por isso não precisava colocar uma senha no celular, ela sempre foi assim desde que nós conhecemos, nunca esconde nada e nem finge ser algo que ela não é.

-Um livro aberto com mistérios escondidos.- Disse sem olhá-lo.

-Você tava certa, se agora ela está em algum lugar a culpa é minha, e diferente de mim você colocou um sorriso no rosto dela.- Falou deixando uma lágrima escapar.

-Não para eu falei da boca pra fora, você é um ótimo irmão, ela sempre confiou em você, não é sua culpa.

-Eu sou mais velho que ela sabe, e eu deveria proteger ela quando na verdade eu piorei tudo.

-Você ta errado, ela vai voltar você sempre a protege, nada disso é sua culpa, você não dormiu até agora, deita e dorme, ela logo volta Justin, ela já vai chegar aqui daqui a pouco.- Disse tentando o tranqüilizar já eu ele parecia quebrado, e estava doendo nele tanto ou mais do que estava doendo em mim.

-Espero que você tenha razão.

 O ouvi suspirar e deitar sua cabeça para trás enquanto eu bloqueava o celular colocando-o de volta na mesinha, assim que o coloquei Justin levantou e virou o celular novamente na mesma direção que os controles estavam.

-Mary limpa a casa todos os dias, (S/n) é alérgica a poeira e pelos, acontece que Mary tem mania pelas coisas alinhadas e sempre que deixamos fora do lugar ela logo põe tudo alinhado, o que fez com que nos acostumássemos a deixar assim. Boa noite Demi.

-Boa noite Justin.

 Já estava a ponto de amanhecer e eu não havia nada para fazer, estava agoniada com tudo que aconteceu queria que ela chegasse logo e fizesse tudo passar, estava doendo em mim sentir que ela estava longe, fiz a única coisa que poderia fazer, chorei. Acho que nunca chorei de uma maneira tão dolorosa, cada lágrima era carregada com tudo que estava dentro de mim, lágrimas que saiam tão pesadas, e no meio delas eu cai no sono, pedindo para que ela logo voltasse."

As coisas permaneciam iguais, imensas como sempre foram, seus filmes estavam do mesmo jeito que da ultima vez, porém haviam mais álbuns alinhados no final. Tudo era igual o que alertava meu coração de que algo estava faltando, na verdade quase tudo era igual, agora um baú branco de madeira enfeitava um canto ao lado do telefone, em cima haviam porta retratos deitados e fotos espalhadas, ela provavelmente estava arrumando as coisas ontem. Uma foto com Justin em que os dois sorriam como idiotas afinal estavam felizes juntos, fotos de seus pais, foto de infância, uma foto com Dallas e Miley que deixava escrito "As Três mosqueteiras", uma foto em que (Seu nome) beijava o rosto de uma garota, uma foto nossa, em nosso primeiro encontro, senti meu corpo arrepiar e a saudade bater, porém vi uma foto (Seu nome) e Camila abraçadas, juntas em um por do sol na praia, Camila sorria e (Seu nome) apenas olhava para o rosto dela, meu coração doeu ao ver, eu não queria ela com outra pessoa, porque eu precisava dela para mim.
Deixei a foto sob o baú e caminhei olhando em volta, é incrível que mesmo depois do tempo as coisas permaneçam iguais, a casa ainda é 100% limpa, os controles ainda ficam alinhados, as portas continuam fechadas por causa da fobia de (Seu nome) com portas abertas, tudo era como um livrinho de lembranças que se repetiam na minha mente.
Por alguns segundos me peguei pensando em quanto uma pessoa pode mudar em seis meses, eu costumava saber sobre (Seu nome) sabe as pequenas coisas que quase ninguém sabe, as manias que ficam em segredo até que você desvende o baú do tesouro, me lembro que ela amava gatos, gostava de filme de terror, usava frequentemente roupas pretas, gostava de comer cereal sem leite, escovava os dentes com duas pastas diferentes uma a noite e outra de dia, não conseguia se acalmar se não conseguisse sentir o cheiro do seu perfume, amava quando eu usava suas roupas, tinha claustrofobia e agonia com portas abertas, não gostava de discutir e mesmo quando estava muito irritada não mudava seu tom de voz... Eu preciso dela, de cada detalhe miserável que a faz perfeita, eu soube uma vez que a amava então porque questionei se ela me amava também sabendo da sua resposta?
Caminhei até seus filmes olhando lentamente cada um deles para retirar qualquer pensamento da minha cabeça, assim que comecei a passar meus olhos encontrei quatro filmes com pequenas etiquetas. O primeiro, Garota Interrompida, possuía um "Filme preferido da Demi, assistir e conversar com ela sobre ele", o segundo 500 dias com ela "olha com a Demi pois ela gosta de filmes que a façam pensar", o terceiro Truque de Mestre "Ótimo pra olhar no próximo sábado", e finalmente o quarto que fez meu coração errar uma batida "O melhor dia da minha vida", o vídeo de quando ela me pediu em namoro, com várias fotos e todas as preparações. Nunca havia visto esse vídeo, mas fez meu corpo tremer, abri a capa do DVD e encontrei uma lista, simples e pequena que me fez cair em lágrimas.

"As dez coisas que ela faz que me fazem sorrir"
-Suas sobrancelhas se juntando formando uma pequena ruga em sua testa quando ela está confusa, a melhor visão que eu poderia ter é vê-la dessa maneira.
-Seus olhos brilhantes refletindo a magnitude do sol em um dia claro.
-Seu sorriso envergonhado quando eu a elogio, como seu eu estivesse a contando uma novidade quando na verdade todos sabem que a sortuda sou eu por tê-la.
-A maneira como ela sente a necessidade de segurar minha mão firme com a sua, não me deixando ir para longe nunca.
-A pronúncia do meu nome em sua doce voz quando ela está dizendo algo em sussurros.
-O humor matinal que ela tem alegrando o dia de qualquer um que acorde com ela.
-Sua respiração calma enquanto dorme com suas pernas entrelaçadas as minhas e suas mãos me segurando ao seu lado.
-O jeito que ela consegue ficar estonteante sem nenhuma maquiagem em um domingo as 7 horas.
-O perfume que ela exala e deixa sobre meu travesseiro.
-Ela usando minha camiseta preta misturando nossos perfumes.
E um bônus, a maneira que ela se encaixa no lugar mais profundo do meu coração sem pedir permissão e fica ali clareando tudo por dentro.

-Eu fiz isso uma semana depois do vídeo, só queria ter certeza que manteria tudo guardado comigo e nunca esqueceria nenhum detalhe.- (Seu nome) disse descendo as escadas.

-Porque nunca me mostrou isso? Porque não me mostrou no dia que eu fui uma idiota e te mandei embora?- Perguntei já soluçando.

-Porque eu não podia te obrigar a ficar. Essa era meu problema.-Respondeu sentando-se no sofá alinhando seu telefone com os controles.

-Me diz que você me odeia, fala que eu sou uma vadia, me faz sofrer do mesmo jeito que eu fiz, não consigo saber que eu causei tudo isso.- Pedi, eu queria que ela me humilhasse para poder tentar parar de me culpar por tudo.

-Esse é meu problema. Se você quisesse dançar eu te deixaria quebrar os móveis, se você quisesse gritar eu sentaria quieta deixando você me deixar surda, se você quisesse cozinhar eu deixaria você queimar minha casa inteira, por Deus essa é a bosta do problema eu nunca amei ninguém a ponto de deixar eles me destruírem mas se você quisesse me jogar da sacada eu ainda ia ter um brilho imenso nos olhos e diria que te amava.-Soltou, baixinho, como um segredo, eu a vi ali quebrada, mas vi ali a esperança , eu podia a concertar.

-Preciso de uma chance...- Iniciei até ser cortada por ela.

-Demi por favor não!- Pediu.

-Me deixa continuar.- Ela assentiu olhando para baixo, meu sentei ao seu lado e voltei a falar.-Foi tudo a bosta do meu erro, eu sei, droga eu deito todo dia e penso em como eu fui uma babaca em ter deixado o amor da minha vida escapar pelos meus dedos, mas (Seu nome) eu não quero te chamar assim, quero te chamar de amor, dormir com seu perfume me invadindo, quero suas mãos me protegendo. Eu não quero ninguém mais, meu coração se encaixa com você e se casa é onde seu coração está eu quero estar em casa, porque você é minha casa. Você precisa me deixar tentar, do zero, tentar de verdade dessa vez, tentar concertar as besteiras, provar que ainda pode valer a pena, eu preciso só de uma chance pra concertar as coisas que eu fiz. Eu lembro que você me disse "uma grande pessoa se faz quando você tenta concertar seu erro é se levantar" então me da essa chance de ser grande, deixa eu ser grande com você.

Silêncio, o silêncio se fez completo, a última lágrima escapou por seus olhos, suas mãos se apertaram é um suspiro pesado ocupou a sala, ela se levantou com nenhuma expressão, segurou minha mão e subiu as escadas. Não perguntei nada apenas a segui sentindo suas mãos levemente frias como alguém que leva um susto e se encolhe em si. Nunca a vi tão pequena e frágil, ela é maior que eu, em seu tamanho e força, mas naquele momento ela era uma criança perdida, sem saber o que fazer.
Chegamos ao quarto e adentramos o mesmo, enquanto (Seu nome) fechava a porta fui atingida pelo seu forte perfume presente no quarto, nossas mãos se afastaram e ainda em silêncio ela começou a tirar a calça e a camiseta, ela dobrou a calça e colocou a camiseta na minha direção para em seguida entrar no closet, a vi colocando um pijama e então entendi. Retirei minha roupa vestindo sua camiseta sentindo meu corpo aquecer com seu cheiro, segundos depois a mesmo voltou e me puxou para deitar na sua cama. O quarto estava escuro e tudo que eu conseguia ouvir eram nossas respirações. (Seu nome) sempre disse que tinha pesadelos e por algum motivo eu os parava, por isso frequentemente vinha para cá apenas para manter seu sono tranquilo e talvez nesse momento ela precisasse de uma noite de sono normal.
Me virei para o lado e fechei meus olhos, ouvi um suspiro calmo da garota ao meu lado, seu braço envolveu minha cintura e carregou-me para mais perto dela colando nossos corpos, sua mão se encaixou na minha assim que coloquei minha mão próxima. Seu braço me envolvia firme, sem me deixar sair, sem me perder de novo, seu coração batia tranquilo eu podia sentir, (Seu nome) puxou o ar sentindo meu perfume como fazia frequentemente quando estávamos juntas, seu braço se fechou mais um pouco e eu me aconcheguei encontrando minha calma e paz.

-Tudo bem.- Disse tranqüila ainda me abraçando.

-O que?- Perguntei.

-Você tem sua chance, mas não vá embora de novo, não consigo aguentar de novo.- Pediu mais baixo do que nunca.

-Boa noite (Seu nome).

-Boa noite Demi.- Falou bocejando.- Eu ainda te amo.- Sussurrou muito mais para si do que para mim.

-Eu também ainda te amo.- Completei com batidas simples e fortes no peito.


"Eu ainda te amo" "Eu ainda te amo" "Eu ainda te amo", sua voz batucou na minha cabeça até que no calor dos seu braços eu adormeci tentando acreditar que ela ainda vá querer me dar uma chance amanhã quando acordar. Alguns dizem que você só descobre que a ama quando você a deixa ir, a única coisa que eu sei é que nunca mais posso deixá-la longe, ela é minha morfina da vida, meu remédio, minha cura. E mesmo sendo minha doença, ela é a única que pode me salvar.

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