domingo, 7 de dezembro de 2014

Reasons

Cheguei em casa e deixei o carro em frente a garagem, estava com preguiça de colocá-lo para dentro, entrei em casa trancando a porta em seguida, olhei em volta percebi extremo silêncio, acabei estranhando afinal Demi sempre deixa a televisão ligada ou algum tipo de barulho porque não gosta de ficar sozinha, procurei-a por todo andar de baixo e quando não a encontrei subi as escadas para olhar nos quartos ou na sala de música, revirei tudo achando-a sentada em uma poltrona na sacada de um dos quartos de hóspedes olhando para o céu. Ela estava quieta e dispersa observando o nada e provavelmente pensando em tudo, ela sempre ficava assim quando estava escrevendo uma música porém desta vez era diferente, não havia nenhum violão ou papéis em sua volta, ela estava apenas ali perdida em pensamentos enquanto via uma imensidão a sua frente.
Lembro-me que quando ela veio morar aqui ela havia dito que aquele quarto era o mais confortante de toda a casa e que por algum motivo ela amava estar ali. Sempre que acordava no meio da madrugada ou estava sem sono ela vinha se sentava com seus fones de ouvido e ficava ali até que conseguisse voltar e dormir, nunca pude a entender, aquele quarto era o menor de toda a casa e particularmente eu não gostava de estar nele por muito tempo, mas com ela era estranho pode-se dizer que ela se encontrava quando estava ali.
Caminhei até ela a abraçando por trás, me abaixei um pouco beijando sua bochecha vendo-a colocar sua mão em meu braço, meu coração se pausou assim que eu percebi que ela estava chorando, apertei meus braços em sua volta e vi suas lágrimas descendo pesadas, eram lágrimas lentas, qualquer um que a visse perceberia que era desespero, ela não soluçava e nem chorava sem parar, era um choro restrito e sua dor caia como uma âncora por seu rosto.
Peguei uma cadeira e coloquei ao lado dela, entrelacei nossos dedos e permaneci silenciosa até que ela sentisse que queria falar comigo, Demi era assim nunca gostou que perguntassem a ela motivos ou razões enquanto ela chorava, a irritava se alguém o fizesse, então eu só precisei esperar seu choro cessar para olhar e ver seus olhos tristes como nunca antes.

-Você quer me contar?- Perguntei delicada. Vi que ela assentiu.- Qualquer coisa que esteja te machucando você pode me dizer tudo bem amor?- A vi assentir novamente.

-Porque você me ama?- Demi perguntou olhando em meus olhos.

Naquele momento eu travei, meu corpo travou, e pude sentir meu coração parando e batendo mais devagar, nunca havia pensando realmente nos meus motivos para amá-la, quando pensava na Demi sabia que era amor, eu amava suas atitudes e como nossos corpos se atraiam, mas nunca realmente tinha pensando no que ela acara de me perguntar, antes que eu abrisse a boca para falar ela prosseguiu.

-É isso, você não sabe. Sinceramente eu acho que também não sei quais meus motivos para te amar e isso estava me incomodando, eu quero estar ao seu lado podendo listar todos os motivos pelos quais eu te amo e simplesmente eu não sei quais são eles porque você também nunca soube, você pensava que sabia (S/n).- Falou deixando mais algumas lágrimas escaparem.

-O que aconteceu meu amor? Eu te amo e você sempre soube disso, eu te amo e sei que você me ama também isso basta!- Falei com um nó em minha garganta.

-As coisas ficaram estranhas para mim, mais estranhas do que eu posso lidar. Em uma entrevista de rádio eles tocaram sua música e depois me perguntaram sobre você e eu sabia as respostas porque o meu coração é seu, mas eu me lembro do locutor dizendo "o amor será eterno quando você encontrar alguém que te de motivos para amá-la e saiba todos os motivos pelo qual ama você", eu quero achar motivos mas se alguém me perguntar agora qual os meus motivos para te amar eu não saberia e isso me machuca porque é um passo distante que eu dou de você a cada dia, e você sabe estamos tão distantes ultimamente, eu não gosto disso, você se afasta cada vez mais de mim.- Ela falava e suas palavras eram pesadas, eu estava carregando o peso de todas as elas, Demi ainda chorava e se aquilo estava a machucando, estava para mim me destruindo.

-Para Demi por favor para. A gente pode encontrar nossos motivos juntas, só para de dizer isso, eu sei como as coisas costumam terminar e está doendo o suficiente. Eu não preciso de motivos para te amar e não preciso saber eles porque eu sei e sinto que te amo, eu das coisas que eu nunca faria pra não te machucar, e eu sei destas coisas exatamente por eu te amar, então por favor para.- Falei segurando em seu rosto.

-Desculpa (S/n), eu não posso, me machuca a cada dia ver tudo acontecendo a minha volta e te ver entrar por aquela porta e sentir um peso em minhas costas por não saber coisas que a mais de um ano eu deveria saber. Eu te amo garota, e isso machuca muito, mas eu não posso continuar do jeito que as coisas estão, isso vai machucar mais a mim do que qualquer um, mas te ver dando o mundo sem ter uma razão para fazer isso me destrói, porque eu quero ter uma certeza, que eu ainda não encontrei.- Demi falou retirando sua aliança e colocando-a em minha mão, deixou um beijo em minha testa e secou minhas lágrimas com seu polegar, segurei suas mãos e a beijei, pela primeira vez eu não queria aquilo, era tristeza, aquele beijo era triste, nunca havia provado nada igual e aquele momento me destruí, ela se afastou de mim negando com a cabeça, soltou suas mãos e antes de sair me olhou enquanto se encostava na porta.

-Vou estar na minha casa, amanhã peço a Dallas e Maddie para virem aqui pegar minhas coisas, tudo bem? Eu só quero que você saiba que eu te amei todos os dias que estive com você, e provavelmente ainda vou te amar, porque não posso ter meu coração porque ele é seu.

-Se você me ama porque está indo embora?- Disse levantando minha cabeça e junto com lágrimas a encarando.

-Não faz assim, isso não é um conto de fadas, você sabe que eu te amo, mas você não tem certeza sobre nós duas, assim como eu também não tenho...- Ela falava e parou no meio de sua frase quando me viu abaixar a cabeça e deixar as lágrimas escaparem, ela tirou o colar que eu havia dado a ela no nosso aniversário de um ano, um coração com uma pequena foto dentro e uma frase gravada "se você sente, será eterno", ironicamente agora ela deixava para trás o eterno, ela deixava um buraco ali, algo muito fundo para que eu pudesse tampar. Vi a porta de casa se fechar, caminhei até a janela e a vi saindo com o carro, quando meus olhos a perderam de vista eu percebi, ela havia ido embora.

Olhei a minha volta e aquela imensa casa nunca havia parecido tão grande, as coisas eram maiores e um estava tão pequena e sozinha ali, a aliança e o colar de Demi ainda estavam na minha mão e era difícil olhar e ver isto fora do corpo dela, aquilo não era meu, aquilo era o nosso para sempre e pesava saber que agora não era nada. Subi novamente e entrei no quarto, que eu e Demi dormíamos, tudo esteva perfeitamente arrumado exceto pela cama que estava com os lençóis esmagados, Demi nunca arrumava a cama e eu tinha preguiça de fazer isso, assim que olhei aquele quarto lembrei de tudo que ele guardou,de noites que nela vivemos e de segredos que só as paredes ouviram, tanta coisa aconteceu ali, tanta coisa que começou ali, caminhei até a cama e me sentei, os lençóis tinham o cheiro forte do perfume doce que Demi usava, assim que suspirei o cheiro entrou pelas minhas narinas ao mesmo tempo em que as lágrimas desceram, no canto do quarto havia um violão que eu e Demi havíamos comprado e desenhado com canetas permanentes, do outro lado uma televisão gigante em cima de uma estante, junto a ela vários porta retratos estavam ali, fotos que eu havia tirado, fotos que expressavam tudo o que eu não conseguia dizer em palavras, haviam fotos nossas ali, na praia, no quarto, no cinema, no dia em que eu a pedi em namoro e mais a frente havia tudo, no closet todas as nossas roupas, sapatos, bolsas, tudo, nossas roupas misturadas como se fossem de apenas uma pessoas, eram nossas coisas ali ainda juntas.
No cantinho da nossa sacada percebi uma caixa aberta, a caixa de todas as nossas milhões de fotos que havíamos tirado, sempre revelamos tudo que tínhamos e guardávamos para que sempre pudéssemos sentir como aquele dia havia sido. As fotos estavam espalhadas, Demi havia as visto e mexido nelas antes que eu chegasse em casa, queria saber o que se passava em sua cabeça enquanto via as fotos e talvez então eu poderia ter evitado que ela fosse embora.
Ficar ali dentro estava me deixando ser ar, tudo ali era sobre nós duas, afinal aquela casa nunca mais será a minha casa, sempre que eu entrar por aquela porta eu lembrarei que um dia esta foi a minha casa com a Demi. O relógio marcava nove horas da noite, meu peito ardia em chamas e estava doendo mais do que eu podia suportar, coloquei uma roupa inteiramente preta de couro com uma camiseta branca e um tênis branco acompanhado de meus óculos escuros, coloquei meu celular no bolso de trás da calça e peguei as chaves do meu carro, eu ainda chorava mas meus óculos cobriam tudo, fui em direção a uma boate lotada iria fazer o que sempre fiz, evitar a solidão bebendo.
Cheguei rapidamente estacionando meu carro rapidamente e descendo chamando a atenção de todos que estavam por perto, logo vi várias pessoas com celulares me filmando, entre na balada e me dirigi até o bar. Peguei duas doses de tequila que desceram queimando e depois um copo de vodka com limão que fez o mesmo caminho descendo pela minha garganta, me joguei no sofá da sala VIP deixando a música alta invadir meus ouvidos, a cada segundo ali dentro minha visão piorava e minha cabeça ia para outro lugar. Duas garotas se aproximaram e trouxeram mais bebida, uma delas se levantou e saiu e a outra se sentou em meu colo.

-O que (Seu nome completo) está fazendo na balada sozinha?- Perguntou a loira alta.

-Procurando por problemas e um pouco de diversão.- Respondi falando em seu ouvido.

-Acho que a Lovato não vai gostar nada disso.- Disse me encarando.

-Ela não tem nada haver com a minha vida.

-Então você quer um pouco de diversão é?- Perguntou novamente se insinuando.

-Quero… Mas não com você. Vaza!- Disse a tirando do meu colo e a vi saindo enquanto bufava irritada.


Continuei lá por mais umas três horas, quase quatro, por volta de uma da manhã resolvi ir embora, estava bastante alterada e já havia bebido muito mais do que deveria, mal conseguia me locomover o que resultava em mim trombando em muitas pessoas. Estava me sentindo comoves tivesse vinte anos novamente, o que era engraçado. Quando sai pela porta da frente da balada me deparei com milhões de paparazzis, o segurança da boate perguntou se eu precisava de ajuda e eu apenas neguei desajeitada.

-Eaí rapazes qual é a boa da noite?- Perguntei com a voz embargada pela bebida.

-O que aconteceu com você? Nunca mais te vimos por aqui.- Um deles perguntou depressa enquanto eu ia até meu carro.

-Uma morena também precisa de diversão não é mesmo! Sóbrio não é sexy, bebida te deixa muito mais sexy.- Respondi com palavras enroladas rindo da minha própria situação.

-Sua namorada não irá gostar nada de saber que você está aqui.

-E quem disse que eu tenho uma namorada?- Falei esnobando a eles que ainda tinham suas câmeras apontadas para mim.

-A Lovato está bem? Como vocês estão?

-Eu tenho cara de pombo correio, não sei da vida dos outros não, mal sei da minha.

-Então é oficial você está solteira?!

-Por acaso tem alguém aqui ao meu lado? Então acho que você tem sua resposta.- Falei vendo meu carro a poucos metros de mim.

-Demi Lovato realmente não faz mais parte da sua vida?- Perguntou e estava me irritando o fato de tudo ser sobre a pessoa que foi embora da minha vida.

-Se ela fez ou não o importante é que você pode fazer isso... Olhe para a luz e veja "Who is this girl named Demi Lovato?".

Falei e entrei no carro ignorando tudo que eles estavam dizendo, aquilo não estava me fazendo bem retirei meu óculos e encostei minha cabeça no volante do carro, levantei a cabeça e as lágrimas passaram a escapar, estava doendo fingir que eu não me importava e mais ainda estava doendo não te-la por perto, várias pessoas estavam tirando fotos enquanto eu chorava e saia dali, quando o espaço se abriu eu acelerei meu carro depressa saindo o mais rápido que eu podia e conseguia devido a bebida. Desajeitadamente acabei conseguindo chegar em casa, deixei meu carro atravessado em frente a garagem e entrei em casa, como não conseguiria subir as escadas apenas tirei minha camiseta e me joguei no sofá, minha cabeça doía e rodava e tudo que eu pensava era em como eu queria Demi de volta e comigo, no meio de lágrimas eu acabei adormecendo no sono mais pesado que eu poderia ter, lembrando de tudo que ela fazia e de como era ruim dormir sabendo que amanhã eu acordaria e ela não estaria aqui, bêbada e apenas de calça e sutiã em adormeci no sofá na esperança que amanhã cedo parasse de doer, mas eu sabia que no fundo eu estava me enganando. Eu a amo e irá doer todas as vezes que eu pensar que não posso a chamar de minha.


…  

3 comentários:

  1. Meu Deus seu imagine é perfeito você é uma escritora incrivel e esse capítulo esta otimo por favor não demora pra postar

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  2. Você esmagou/destruiu/despedaçou meu pobre coração... junte essas duas logo, senhor... eu amo seu imagine, muito, serio ... mas esse imagine com elas separadas não é um imagine. Ai.Meu.Deus.

    Continua

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  3. Você fudeo com o meu coração! Apenas digo isso, recuso-me a comentar mais alguma coisa.
    Besos e continue.

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