quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Her Smile

Exatamente não sei afirmar quanto tempo fiquei dormindo, mas acredito serem mais de três horas afinal já esta escuro e a lua está no céu. Ficar desacordada dormindo me pareceu uma boa saída inicialmente, não pensar em nada apenas ficar inconsciente com meu corpo descansando, a idéia se tornou uma droga quando fui dominada por pesadelos e sonhos com meu pai, acordei num salto depois de vê-lo bater o carro em um pesadelo e depois o vi morto na estrada, definitivamente uma das piores coisas que irei ver na minha vida inteira. Cheguei a conclusão de que não pretendo pregar meus olhos tão cedo, nem em um bilhão de anos quero sonhar com isso novamente, ouvi um silêncio imenso na casa o que é estranho afinal Demi e Justin estão aqui, levantei-me e me aproximei da escada sentando-me assim que ouvi os sussurros dos dois discutindo.

-Sua moral está muito baixa pra querer reclamar de alguma coisa, eu não gosto de você estar perto dela porque assim como pode machuca-la uma vez pode fazer de novo.- Justin disse com a voz carregada de ódio, um ódio sussurrado diga-se de passagem.

-Eu já pedi desculpas a ela, pelo que eu me lembro você estava no carro e a viu dizendo para esquecermos o que aconteceu, você é o único que bate na mesma tecla.- Demi não estava menos estressada, porém falava no mesmo volume que Justin.

-Joga a merda de um copo no chão e depois pede desculpas pra ver se ele concerta, eu não vou esquecer as coisas que você falou principalmente agora, você destruiu ela com palavras quando ela estava bem por isso ela se levantou, se você fizer qualquer coisa agora ela não vai conseguir, você não esteve por tanto tempo com ela quanto eu estive, olha no fundo dos olhos dela quando quiser ver o que ela sente, hoje quando chegamos em casa ela estava vazia, quando se joga alguém vazio para baixo é o fim.- Ele me conhecia como ninguém.

-Pelo amor de Deus eu já disse que não quero machucar ela, eu estava errada eu sei disso, deixe de ser criança eu não vou cometer duas vezes o mesmo erro, pare de tentar virar o jogo de maneira que eu pareça a vilã.- Sua voz estava embargada e se eu pudesse vê-la veria seus olhos com lágrimas.

-Você acabou de me chamar de criança é sério? Quanta ironia afinal não fui eu que xinguei uma pessoa de projeto de vadia por ter acreditado em uma brincadeira que uma amiga fez, eu não estou virando o jogo, as coisas são assim.

-Porque você não pode acreditar por um segundo que eu quero fazer bem a ela? Porque você não me quer por perto?

-Simplesmente porque eu não posso ver ela cair, ela faz parte do meu mundo, ela é grande parte dele, não vou nunca deixar que pessoas como você quebrarem o coração dela, isso nunca vai acontecer.

-Pessoas como eu?- Demi perguntou segurando o choro.

-Sim, pessoas como você que conseguem falar coisas pesadas olhando nos olhos de alguém que é facilmente machucada por palavras e não sentir o mínimo de pena, pessoas baixas e sem qualquer qualidade que supere as merdas que são feitas.

-Não fale como se eu fosse a pior pessoa do mundo, eu gosto...- Antes que Demi pudesse continuar Justin a interrompeu.

-Roda o disco você já disse isso milhões de vezes e em nenhuma eu acreditei, por perto eu não quero que você fique, porque se for ficar tem que ser alguém que valha a pena.- Disse aumentando um pouco o tom de voz.

-Não tente me afastar dela, eu quero ajudar.- Disse ela dando um longo suspiro.

-Me de um bom motivo pra não te tirar daqui agora.- Justin perguntou desafiando-a.

-A garota lá em cima encontrou conforto comigo hoje dentro daquela van naquele abraço, você não tiraria conforto dela nesse momento.- Demi falou e depois de um suspiro ouvi um pleno silêncio se passando.

Voltei para o quarto indo até meu armário procurando algo que estava ocupando meus pensamentos, liguei uma música nos meus fones para tentar mudar o foco de tudo, tentar entrar em um mundo proporcionados pela música. Depois de revirar meu quarto encontrei o que procurava, o anel. Quando eu tinha dezesseis anos meu pai e eu havíamos saído para comprar um anel novo porque o que eu amava havia sumido, assim que encontramos um anel legal meu pai gravou coração dentro dele com uma frase que era algo que compartilhávamos juntos "As regras da terra não entram no céu, quebre-as", regras nunca foram algo que nos agradava e por isso resolvemos gravar aquilo no anel, hoje eu vejo isto como lembrança e irei manter esse anel comigo, para manter a conexão com meu pai.
Ainda é muito cedo para dizer que eu superei, afinal estou chorando quando paro por mais que cinco segundos e penso no que aconteceu, vou demorar a aceitar, mas assim que for possível quero sorrir para ele, porque tudo que sempre foi importante era minha felicidade, ele carregava meu sorriso como medalha de maior vitória na vida, assim que se faça possível quero me manter estável para ele.
Coloquei meu anel e desci as escadas da minha casa vendo Demi e Justin sentados lado a lado no sofá tendo foco em algo que nem ao menos eu sei o que era, a televisão estava ligada mas eles olhavam algo além dela, procurando respostas talvez, fui até a cozinha passando por trás deles vendo seus olhos pesarem sobre mim, peguei uma garrafa de água e tomei um remédio para dor de cabeça, levando a água comigo até o sofá sentando no meio dos dois que olharam reto assim como eu.

-Eaí?- Justin perguntou.

-Uma merda.- Respondi silenciando tudo novamente.

-Sorvete?- Demi questionou.

-O que?- O que uma coisa tinha haver com a outra estou achando que Demi é louca.

-Eu não sei na verdade, mas quando eu era criança sempre que me machucava ganhava colo e sorvete, já que estamos aqui com você achei que sorvete pudesse ser alguma coisa legal.- Respondeu envergonhada e engraçada no mesmo tempo.

Comecei a rir do que ela havia dito até que segundos depois o riso se transformou em choro, porque sabe rir de tudo é desespero e eu estava tentando curar as coisas rindo de tudo o que no final do dia causava mais dor ainda. Tombei minha cabeça para trás ainda chorando até sentir Demi cruzar nossos dedos e começar a falar.

-Desculpa, nossa eu só falo bobagem não queria te fazer chorar desculpa (S/n).

-Nã-Não é sua culpa, é que tudo isso se tornou muita coisa pra minha cabeça e eu não sei ao certo se consigo com esse peso todo seguir em frente.- A tranqüilizei

Apertei nossas mãos que estavam com os dedos cruzados enquanto senti seu polegar acariciar-me, ficando assim até meu choro cessar, tomei o resto da minha água quando resolvemos nos deitar, dei um beijo na bochecha de Justin que foi para seu quarto alertando que tudo que eu precisasse ele estaria ali e que bastava gritar e ele estaria de pé para ajudar. Convidei Demi para dormir aqui afinal ela havia ajudado muito hoje, subimos até o meu quarto para que pudéssemos ver um pijama para ela, depois de nos trocarmos, sentamo-nos na cama lado a lado com as costas apoiadas na cabeceira focando os olhos em absolutamente nada.

-Bom hm, você quer conversar sobre as coisas que aconteceram?- Demi iniciou voltando o foco a mim.

-Na verdade eu não sei o que eu quero fazer e o que seria bom.- Respondi.

-Qual seu CD favorito?- Perguntou iniciando uma conversa qualquer.

-(seu CD preferido) e o seu Dem?

-Eu acho que não tenho um álbum favorito mas gosto do X que o Ed Sheeran fez.

Então em segundos o silêncio reinou, e ultimamente ele tem me incomodado por isso tentei esperar que Demi falasse algo, mas ela não o fez.

-Sabe não fiquei brava com o Justin, ele é uma pessoa incrível.- Falei depois de longos minutos.

-Não ficarei brava porque afinal de contas ele está certo, não posso ir contra o que ele diz porque as coisas são assim.  

-As vezes as pessoas fazem coisas sem pensar nas consequências e sabe tudo bem porque você acaba aprendendo e não vale a pena ficar lembrando disso pra sempre.- Disse vendo-a sorrir de canto.

-Você é a única pessoa do mundo que mesmo estando com o coração partido se preocupa em deixar os outros felizes.- Falou olhando em meus olhos.

-Tem gente lá fora esperando coisas de mim Demi e eu não sei mais como lidar, eu estava quase desabando antes e agora eu tive minha alavanca.- A dias eu queria dizer isso a alguém, e quando a vi olhando nos meus olhos senti a necessidade de falar isto a ela, a pessoa que a dias atrás eu não queria ver nem pintada de ouro.

-Porque você se importa tanto em fazer as coisas que eles querem?- Demi perguntou confusa.

-Eu não quero fazer as coisas que eles querem, quero fazer o oposto, mas agora é isso que eles esperam, que eu saia pra uma festa, apareça bêbada e que eu seja alguém que não tenha sentimentos, mas seila sabe tem tanta coisa por trás disso tudo.- Disse mudando o foco dos meus olhos, era quase suicídio olhar ela por tanto tempo.

-Todos tem momentos de queda mas você pode superar isso, você mais que ninguém pode. Você passa vinte e quatro horas por dia tentando ser feliz e sorrindo para todos, com toda a certeza você tem o direito de se sentir para baixo (S/n).

-Eu não posso me dar o luxo de cair, tem pessoas lá fora esperando que eu erre, que eu caia e que eu chore na frente deles, mas se eu fizer isso meu rosto vai estar na capa de um jornal amanhã, e o mundo todo ficará em cima de mim fazendo questão de forçar as coisas.

-Mas não vale a pena guardar a dor dentro de você, vai machucar cada vez mais (Seu apelido), eu juro eu gostaria de poder te confortar ou dizer algo que te ajude, mas tudo que você precisa é deixar a dor ir embora.- Demi disse pegando em meu rosto e virando-o em sua direção.- Não continua se machucando porque tem tanta gente que quer colocar um sorriso no seu rosto e quer te ver feliz.

-É tão difícil Demi, eu sinto tudo dentro de mim quebrado e é como se eu fosse um alien porque eles pensam que eu não tenho um coração ou que as coisas não podem me machucar, eu sinto o que todos sentem, porque tem que ser tão complicado quando o meu nome está envolvido?

-De tudo que você pode levar dessa vida é que, é preciso atravessar a tempestade para ver o arco-íris, num piscar de olhos você acaba voltando a melhor posição que se pode estar, eu posso prometer pra você, as coisas melhoram quando você menos espera (Seu apelido).- Demi finalizou.

Sua mão ainda estava no meu rosto agora fazendo carinho com o polegar, fechei meus olhos automaticamente como se ela pudesse me controlar, é loucura mas eu estava ali em um dos momentos mais difíceis da minha vida e ela conseguia me fazer sentir melhor, e o sorriso dela, aquele sorriso com toda a certeza poderia curar uma doença, poderia ser o motivo do fim de uma guerra. Senti sua respiração perto da minha e logo um seus lábios tocando minha testa delicadamente, abri meus olhos e a vi se levantar para ir até a porta, provavelmente ela iria para o quarto de hóspedes que havíamos arrumado, eu não queria ficar sozinha, ao menos não agora em um impulso um tanto quanto pensado a interrompi quando ela abriu a porta para deixar o quarto.

-Fica. Fica aqui comigo.- Pedi.

A vi me encarar por alguns segundos, percebi que ela estava confusa se eu havia mesmo pedido a ela para ficar ali, logo a vi voltar, fechar a porta e sorrir sem mostrar os dentes, deitando novamente na cama.

-Boa noite (Seu apelido).- Falou.

-Boa noite Demi.- Disse depois de um longo suspiro.

Logo ela se virou para dormir, continuei por mais alguns minutos, talvez uma hora acordada, não conseguia fechar meus olhos muita coisa estava girando na minha cabeça e ao mesmo tempo havia nada ocupando meus pensamentos, estranho eu sei, nem ao menos eu entendo como isso é possível. Olhei para o lado e vi Demi dormindo tranqüila, eu não sei o que ela tem mas algo me prende a ela, é complicado porque eu quero a abraçar e ao mesmo tempo bater nela, vê-la assim em tanta paz me trouxe algo que por alguns segundos pareceu um curativo para meu coração, como se algo aqui dentro estivesse sido consertado. Vi que ela estava encolhida provavelmente com frio já que o clima havia mudado de uma hora para outra como sempre, me levantei e peguei eu cobertor a cobrindo, entrei em baixo dele e a abracei por trás, eu a queria por perto naquele momento, por mais que em alguns segundos eu quisesse a mandar embora agora eu a queria ali, depois de abraçá-la fechei meus olhos e antes de adormecer senti sua mão segurando a minha aproximando nossos corpos mais ainda, memorizei então seu perfume, como um ato automático, o doce cheiro do seu perfume, cada detalhe ali, e sabe talvez ela estivesse naquele momento fazendo o mesmo.

2 comentários:

  1. Nossa sem palavras pra esse cap
    Ta demais,perfeito!!!
    Tadinha da S/N,ainda bem que a Demi ta ajudando.Espero que continue
    Continua please...

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  2. Nossa ta perfeito o cap. Tadinha da s/n é horrivel perder seu pai. O q dizer do justin super protetor?? E a demi toda fofa cuidando dela sgdkfjfncv amei esse finalzinho delas duas abraçadinhas na cama. Nao demora p postar

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